Barcos enterrados na areia
As vezes as Vida nos prega umas peças,
apresentando fatos inesperados, que nos deixam sem chão.
Nos pegamos assim, como barcos que ontem estavam na água,
e hoje enterrados na areia…
Sem rumo, sem sentido, sem noção.
Perdidos em nós mesmos, buscamos aqui e ali,
forças para sair do buraco em que caímos,
e que não sabemos sequer por onde começar a subida.
Quando tudo parece perdido, surge um fato, uma luz,
uma mão amiga, uma frase, um pensamento,
que nos faz recordar a nossa força interior,
que as vezes estava tão apagada, tão sumida,
que estranhamos nosso poder de recomeçar…
E, encontrando forças onde não sabemos,
mas que habitam em nós mesmos,
nos encontramos raspando a areia em volta do nosso barquinho,
e persistindo sem aquele medo antigo que nos perseguia,
juntamos forças e levamos o barco de volta a água…
a madeira seca que é a nossa autoestima, começa a ter novo sentido.
Já não somos madeira enterrada na areia,
somos barcos livres diante de uma imenso de possibilidades.
E das nossas dores, fazemos uma vela que nos empurra para onde quisermos seguir,
e nos pegamos livres, fortes no leme das dificuldades,
descobrimos que esse mar imenso da vida é o Criador,
e esse barquinho ressecado pelo tempo, somos nós,
empurrados pela força divina que é o Amor.
Que você seja barco na água,
ainda que o deserto queira te aprisionar,
porque o amor é a sua força, e a sua força vem do amar sem medo,
amar-se tão profundamente que nem a falta de vento te faça parar.
Bora recomeçar, bora amar!
Paulo Roberto Gaefke