Plantas Venenosas – Comigo Ninguém Pode
Comigo-ninguém-pode
Dieffenbachia picta (comigo-ninguém-pode)
Nome científico:Dieffenbachia picta Schott.
Família botânica: Araceae
Outros nomes populares: aninga-pará
Sinonímia botânica: Caladium pictum Lodd.
“A comigo-ninguém-pode, por ser de uso muito comum nos bares e estabelecimentos comerciais, é uma das plantas tóxicas mais perigosas do ambiente urbano. As principais vítimas são crianças de 0 a 6 anos que, atraídas pela exuberância da folhagem da planta, levam partes desta à boca. “
Planta de porte regular, ca. 2m de altura, e caule tortuoso. Folhas oblongo-elípticas ou oblongo-lanceoladas, verdes, com máculas brancacentas irregulares. Flores dispostas em espádice, com as flores masculinas ocupando a porção superior da inflorescência. Frutos bagas vermelho-alaranjadas.
A comigo ninguém pode é uma planta ornamental tóxica, sendo responsável por graves por casos graves de intoxicação, principalmente em crianças.
Comigo-ninguém-pode é o nome popular dado a duas espécies do gênero Dieffenbachia: D. picta Schotte D. seguine Schott, ambas pertencentes à flora Amazônica. As duas são polimorfas e dificilmente separáveis na prática. Rizzini & Occhioni (1957, apud Scavone & Panizza, 1980), relatam as seguintes características distintivas:
À direita folha de Dieffenbachia picta, à esquerda folha de Dieffenbachia siguine
1- as folhas de D. picta apresentam máculas numerosas, muitas vezes confluentes, espalhadas por toda a superfície (na foto, é a folha da esquerda);
2- D. seguine geralmente apresenta folhas completamente verdes, e suas nervuras são mais proeminentes (na foto, folha da direita).
As folhas de D. seguine poderão apresentar máculas como em D. picta, porém, menos numerosas e com tendência a ordenar-se em duas séries ao longo da nervura central.
A natureza química das substâncias responsáveis pela toxicidade do gênero Dieffenbachia ainda não foi completamente esclarecida. Ao longo do tempo, vários pesquisadores estudaram os efeitos tóxicos destas espécies. Rizzini & Occhioni (1975, apud Carneiro et al., 1985) foram os primeiros a relacionar os efeitos tóxicos e irritantes de Dieffenbachia à ação mecânica dos cristais de oxalato de cálcio existentes em grandes quantidades na planta. Estes cristais apresentam-se na forma de ráfides (agulhas), e estão contidos dentro de células ejetoras denominadas idioblastos. Ladeira et al. (1975) admitem a presença de uma enzima proteolítica, denominada dumbcaína, na seiva da planta.
De acordo com estes autores, os cristais apresentam extremidades cortantes que perfuram as mucosas, injetando nelas a seiva contendo a dumbcaína. Esta proteína provoca a lise das membranas celulares liberando histamina, serotonina e outras aminas, desencadeando um intenso processo alérgico responsável pela formação de edemas. Rauber (1985) acredita que os idioblastos compreendem um fator essencial para a toxicidade destas plantas, visto que estas células, através de pressão osmótica, ejetam as ráfides com uma força surpreendente, fazendo com que os cristais perfurem e penetrem nos tecidos. O autor cita que sem a força ejetora dos idioblastos, a simples presença das ráfides de oxalato de cálcio e das enzimas proteolíticas não seria suficiente para desencadear a toxicidade. Assim sendo, admite-se atualmente que os efeitos tóxicos provocados por estas espécies são resultantes da ação combinada de fatores:
1. a força ejetora dos idioblastos expulsa as ráfides de oxalato de cálcio;
2. as ráfides perfuram as mucosas, causando uma irritação mecânica primária;
3. esta irritação é agravada pela entrada simultânea de uma enzima proteolítica, análoga à tripsina, que desencadeia um processo inflamatório.
Admite-se, ainda, que oxalatos solúveis presentes na seiva contribuam para aumentar o processo inflamatório (Norton, 1996).
A comigo-ninguém-pode, por ser de uso muito comum nos bares e estabelecimentos comerciais, é uma das plantas tóxicas mais perigosas do ambiente urbano. As principais vítimas são crianças de 0 a 6 anos que, atraídas pela exuberância da folhagem da planta, levam partes desta à boca. A mastigação, ainda que de pequenas porções das folhas ou pecíolos, causa uma intensa irritação das mucosas da boca, faringe e laringe. Os sintomas iniciam-se com salivação abundante, dores na boca, na língua e nos lábios. Subseqüentemente, ocorre edema das mucosas que tiveram contato direto com a planta.
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Em relatos literários antigos, o quadro clínico é freqüentemente agravado pela obstrução das vias aéreas superiores, acarretando um prejuízo temporário da fala, o que consagrou o nome popular “dumb-cane” (cana-do-mudo) nos Estados Unidos. Porém, nos casos relatados atualmente os efeitos tóxicos desta planta estão limitados às suas propriedades irritantes das mucosas. Nos casos mais graves apenas efeitos gastrintestinais como náuseas e vômitos, foram relatados. O contato com os olhos provoca lesões da córnea, acompanhadas por dor e fotofobia. Algum tempo depois, as ráfides se fragmentam na córnea e, a partir deste momento, a recuperação passa a ser lenta e progressiva (Chiou et al., 1996).
O tratamento nos caso de ingestão é apenas sintomático. Usualmente são utilizados demulcentes, como leite e água, e pacotes de gelo para aliviar o desconforto do paciente. No caso de envolvimento com os olhos há a necessidade de maiores cuidados, a fim de se evitar abrasões da córnea.
Parte do Livro: “Plantas Tóxicas – Conhecimento e Prevenção de Acidentes”
Autores: Rejane Barbosa de Oliveira, Silvana Aparecida Pires de Godoy e Fernando Batista da Costa – Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP).
Contato para compra: Rejane – e-mail: rejaneboliveira@yahoo.com.br – Fone: (16) 3965-3584 / (16) 9144-1588
Preço: R$ 24,00