Transtorno Obsessivo Compulsivo TOC
O que é o Transtorno obsessivo-compulsivo?
O Transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) consiste na combinação de obsessões e compulsões.
O que são obsessões?
São pensamentos recorrentes insistentes que se caracterizam por serem desagradáveis, repulsivos e contrários à índole do paciente. Por exemplo, uma pessoa honesta tem pensamentos recorrentes de roubo, trapaça e traição; uma pessoa religiosa tem pensamentos pecaminosos, obscenos e de sacrilégios. Os pensamentos obsessivos não são controláveis pelos próprios pacientes. Ter um pensamento recorrente apenas pode ser algo desagradável, como uma musiquinha aborrecida ou um problema não resolvido, mas ter obsessões é patológico porque causa significativa perda de tempo, queda no rendimento pessoal e sofrimento pessoal. Como o paciente perde o controle sobre os pensamentos, muitas vezes passa a praticar atos que, por serem repetitivos, tornam-se rituais. Muitas vezes têm a finalidade de prevenir ou aliviar a tensão causada pelos pensamentos obsessivos.
Por exemplo, uma pessoa cada vez que se lembrar do patrão acredita que isso provocará um acidente de carro: para que isso seja evitado, pois o paciente não quer ter a consciência de ter participado do acidente, realiza certos gestos para neutralizar o pensamento. Assim, as compulsões podem ser secundárias às obsessões.
As compulsões são gestos, rituais ou ações sempre iguais, repetitivas e incontroláveis. Um paciente que tente evitar as compulsões acaba submetido a uma tensão insuportável, por isso sempre cede às compulsões. Os pacientes nunca perdem o juízo a respeito do que está acontecendo consigo próprios e percebem o absurdo ou exagero do que está se passando; mas como não sabem o que está acontecendo, temem estar enlouquecendo, e pelo menos no começo tentam esconder seus pensamentos e rituais. No transtorno obsessivo-compulsivo os dois tipos de sintomas quase sempre estão juntos, mas pode haver a predominância de um sobre o outro.
Um paciente pode ser mais obsessivo que compulsivo ou mais compulsivo do que obsessivo.
Sintomas do do Transtorno Obsessivo Compulsivo
O transtorno obsessivo-compulsivo é classificado como um transtorno de ansiedade por causa da forte tensão que sempre surge quando o paciente é impedido de realizar seus rituais. Mas a ansiedade não é o ponto de partida desse transtorno como nos demais transtornos dessa classe: o ponto de partida são os pensamentos obsessivos ou os rituais repetitivos.
Há formas mais brandas desse distúrbio nas quais o paciente tem apenas obsessões ou as compulsões são discretas, sendo as obsessões pouco significativas. Os sintomas obsessivos mais comuns são:
Medo de contaminar-se por germes, sujeiras etc.
Imaginar que tenha ferido ou ofendido outras pessoas
Imaginar-se perdendo o controle, realizando violentas agressões ou até assassinatos.
Pensamentos sexuais urgentes e intrusivos
Dúvidas morais e religiosas
Pensamentos proibidos
Os sintomas compulsivos mais comuns são:
- Lavar-se para se descontaminar
- Repetir determinados gestos
- Verificar se as coisas estão como deveriam, porta trancada, gás desligado, etc.
- Tocar objetos
- Contar objetos
- Ordenar ou arrumar os objetos de uma determinada maneira
- Rezar
Diagnóstico do Transtorno Obsessivo Compulsivo
Os sintomas obsessivos e compulsivos são exclusivos do transtorno obsessivo-compulsivo, para fazer o diagnóstico. Contudo além dos sintomas são necessários outros critérios. O tempo gasto com os sintomas deve ser de no mínimo uma hora por dia ou quando o tempo for inferior a isso é necessária a existência de marcante aborrecimento ou algum prejuízo pessoal.
É preciso que em algum momento o paciente reconheça que o que está acontecendo seja excessivo, exagerado, injustificável ou anormal. Isso faz com que o paciente ache que está enlouquecendo e tente esconder o que se passa, fica assustado e quando chega ao médico apresenta essa preocupação.
Ao contrário do que se pode pensar a impressão que o paciente tem a respeito de si mesmo é um sinal de bom funcionamento mental, pois o paciente consegue reconhecer algo de errado em si mesmo. Os sintomas não podem ser dependentes de outro transtorno, por exemplo se a preocupação tem como foco a possibilidade de ter novos ataques de pânico não se pode fazer o diagnóstico de transtorno obsessivo-compulsivo.
Curso e Epidemiologia do Transtorno Obsessivo Compulsivo
Esse transtorno apresenta dois picos de incidência.
O primeiro na infância e o segundo em torno dos trinta anos de idade. Muitas crianças apresentam esse problema nessa fase e depois nunca mais têm nada. Outras continuam tendo durante a vida adulta.
Os adultos também apresentam oscilações do problema; podem ficar livres dos sintomas e dos remédios, mas também podem precisar de uso contínuo. Esse transtorno incide aproximadamente com a mesma freqüência em homens e mulheres, com pequenas diferenças de um estudo para outro.
Nas crianças observa-se um aparecimento um pouco mais comum nos meninos.
Tratamento do Transtorno Obsessivo Compulsivo
Quando os antidepressivos tricíclicos e os IMAO eram os únicos antidepressivos no mercado, a clomipramina era a escolha de eleição e primeira linha. A característica desse antidepressivo em relação aos demais era sua relativa forte inibição da recaptação da serotonina. Acreditava-se desde então que essa propriedade fosse responsável pelo efeito antiobsessivo. Posteriormente constatou-se que isso era verdade.
Hoje com várias medicações do grupo dos inibidores da recaptação da serotonina as alternativas de tratamento são mais amplas e eficazes.
Tem sido preconizado que o tratamento mais adequado é a combinação da farmacoterapia com as terapias cognitivo-comportamentais que isoladamente também apresentam bons resultados, assim como os remédios. A combinação desses tratamentos é superior ao uso isolado de cada um deles.
Fonte Psicosite
Ref. Bibliograf: Rev Bras Psiquiatr 2001; 23(Sup 2):6-9
O Quadro Clínico do TOC
Albina Torres